A possibilidade de abalo da confiança da sociedade brasileira na ciência no contexto pandêmico é objeto de análise da pesquisa “Confiança na ciência no Brasil em tempos de pandemia”. O estudo, realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia (INCT-CPCT), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), apresenta dados empíricos essenciais para uma análise mais profunda sobre a temática.
Os pesquisadores utilizaram a técnica de survey, com coleta de dados por meio de entrevistas domiciliares, pessoais e individuais. Foram entrevistadas 2.069 pessoas com 16 anos ou mais, distribuídas entre municípios brasileiros de todas as dimensões, de forma a garantir dispersão e representatividade regional. A margem de erro da pesquisa é de 2,2%, em um intervalo de confiança de 95%. As entrevistas, realizadas por equipe especialmente treinada, foram feitas entre os meses de agosto e outubro de 2022.
O estudo encontrou muitos resultados relevantes. Verifica-se que a confiança dos brasileiros e brasileiras na ciência não é baixa, mas parece ter sido afetada negativamente por campanhas organizadas de desinformação, que cresceram em quantidade e impacto durante a pandemia de covid-19.
Além disso, foi possível identificar que a chance de um brasileiro declarar não confiar na ciência depende fortemente da região de moradia. Desconfiar da ciência é mais frequente entre pessoas que moram na região Centro-Oeste, independentemente de sua escolaridade, renda ou idade.
Observou-se também que a desconfiança tende a ser ligeiramente maior entre evangélicos e marcadamente maior entre pessoas que cursaram apenas o ensino fundamental e, além disso, possuem menor acesso à informação e ao conhecimento científico.
Outro aspecto interessante diz respeito à influência dos valores sobre as atitudes, independentemente de conhecimento e escolaridade. A declaração de não confiar na ciência tende a ser mais frequente entre pessoas que declaram ter valores opostos aos de equidade ou igualdade de gênero.
Esses e muitos outros resultados podem ser verificados no resumo executivo da survey.
Clique aqui para acessar o pdf e conferir os dados da pesquisa.